Marcelo Rubens Paiva é o autor do livro “Ainda estou aqui”. O livro foi transformado em filme com o mesmo título. Estrelado por Fernanda Torres, concorreu ao “globo de ouro” como melhor filme de língua estrangeira, e Fernanda ganhou como melhor atriz. A trama retrata a angústia de Eunice, a personagem principal, que ficou viúva, sozinha, com cinco filhos para criar.
Rubens Paiva, o marido de Eunice, fora preso na época da ditadura militar, e nunca mais se soube de seu paradeiro. Eunice, passou por dificuldades intransponíveis. Foi presa, hostilizada, torturada. Seu objetivo era saber o que fizeram com o marido. Ninguém pensava que ela poderia ter êxito. Aos quarenta e oito anos formou-se advogada. Enquanto muitos pensavam que ela estava esquecida, apagada, ela mostrou sua bravura diante da autoridade policial. Se apresentou como que dizendo: “Ainda estou aqui”. Daí o título do filme.
O filme apresenta, de início, uma família muito feliz: o pai, a mãe e cinco jovens. Um lar certinho e de muita alegria. A beleza daquele lar durou até o dia em que o esposo foi preso. Eunice não sabia se ele estava vivo ou morto, onde estava o corpo. Quanta coisa mudou daí para a frente. Eunice conseguiu da polícia o atestado de óbito do marido e comemorou.
Um ano morre outro ano nasce. E com ele planos, sonhos, grandes ou pequenos. O tamanho de um sonho é o tamanho de uma vida. Lembro-me do chamado do profeta Isaías. Deus precisava enviar alguém para anunciar as boas novas ao povo. Isaias ouviu a voz de Deus a dizer: “Quem é quem eu vou enviar? Quem será o nosso mensageiro? Então respondi: Aqui estou eu, envia-me a mim” (Is 6.8).
Cumprir a missão era difícil empreitada para o profeta. Ele necessitava de bom preparo. Isso aconteceu quando ele atendeu a voz de Deus: “Eis-me aqui”.
Estamos nós preparados para o que der e vier ou estamos como que esquecidos, isolados em algum canto da casa?
Lembram-se da história de Eunice? Aliás, Eunice significa bela vitória. Ela venceu. Ela afirmou convicta:” Ainda estou aqui”.
Devemos nos preparar e nos apresentar com sabedoria diante dos desafios e dos nossos ideais. A nossa comunhão com Deus é urgente em nossa vida.
Deixem-me dar meu depoimento. Todos sabem que há exatos dois anos e meio enfrento essa ingrata doença. Foram quatro cirurgias, cinco internações. Tive perdas. Fiquei sem fala. Não posso mais cantar, não posso brincar com as crianças como fazia antes. Contudo, Deus me preservou a vida até aqui. Algum propósito.
Minha gratidão à família, à igreja e aos amigos que estiveram comigo em oração. Gratidão especial à minha querida esposa, anjo que meu deu todo cuidado e carinho. Sacrificou-se em meu favor. Choramos juntos, comemoramos juntos.
Depois de todo esse tempo, eu posso afirmar como Eunice:” Ainda estou aqui”.
Posso esperançar em Cristo Jesus, meu Mestre, que me salvou.
Sábias as palavras de Isaias: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
Que o coração ferido, desanimado, possa encontrar-se com Jesus Cristo durante todo esse novo ano. Estejamos presentes e possamos responder “Eis-me aqui” ou “Ainda estou aqui”.