Santidade é Cristo em mim

A VERDADEIRA SANTIDADE NÃO VEM DO CUMPRIMENTO DE REGRAS, MAS DA VIDA DE CRISTO EM NÓS. UNIDOS A ELE, VIVEMOS PARA A GLÓRIA DE DEUS, GUIADOS PELA GRAÇA E NÃO PELO LEGALISMO.

“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20-21).

Quando o apóstolo Paulo escreve sua carta aos gálatas, já no início da leitura, é possível compreender que a carta se dá no contexto de embate com os judaizantes. Estes queriam que os novos convertidos, principalmente os de origem gentílica, adotassem as antigas práticas do judaísmo como necessárias para ser cristão. 

Porém, Paulo, que havia ferozmente combatido a fé cristã, depois de seu encontro com Cristo e de seu chamado para pregar aos gentios, compreendeu com muita clareza a metáfora de Jesus Cristo em Mateus 9.17: “Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam”. Ele percebe que o novo de Deus, que está irrompendo por causa de Jesus, não cabe dentro das velhas estruturas. 

Aqui, é importante dizer que não se trata de afirmar que houve uma ruptura no plano estabelecido por Deus na eternidade. Afinal, em Efésios 1, Paulo já havia demonstrado que a vinda de Cristo era a consumação do plano eterno de Deus em Cristo e por meio da igreja, seu povo escolhido. A igreja é um só corpo que congrega tanto judeus quanto gentios, ligados em Jesus Cristo. 

Ao ler os Evangelhos, é possível perceber como a concepção de santidade estava arraigada em uma série de regras que precisavam ser obedecidas. É importante notar que essas regras não eram apenas aquelas que emanavam da Torá, mas também uma série de normas adicionais que incluíam interpretações rabínicas, decisões, costumes e tradições transmitidas através das gerações. 

Essas regras adicionais frequentemente funcionavam como ‘cercas’ ou ‘guarda-corpos’, criadas para proteger os judeus de violar acidentalmente os mandamentos originais. Elas exigiam um alto grau de comprometimento e fidelidade, refletindo a crença de que a observância meticulosa era uma forma de santificar a vida e se aproximar de Deus.  

Para Paulo, porém, a verdadeira santidade não era necessariamente o cumprimento de uma série de mandamentos ou regras, mas estar ligado a Cristo. Jesus Cristo já havia dito aos seus discípulos no Evangelho de João que eles tinham uma dependência absoluta dele: “Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5). Pois, assim como um ramo cortado da videira seca e murcha, o discípulo de Jesus que não esteja ligado a ele não tem vida. 

Assim, a santidade não é fruto do nosso esforço, do cumprimento de uma série de leis, regras ou mandamentos, mas a vida de Cristo que pulsa em nós. 

“Não temos outra santidade senão a de Cristo.” Embora Calvino não tenha dito exatamente essas palavras, elas resumem seu pensamento sobre a santidade que, para ele, era uma realidade derivada de Cristo por meio do Espírito Santo. 

Ele também afirma nas Institutas: “Nossa justiça não está em nós, mas em Cristo […] devemos buscar fora de nós o que é nosso somente nele” 

É claro que somos chamados a participar desse processo de santificação e somos incentivados a usar os meios de graça para crescermos contínua e progressivamente nesse processo. 

João Calvino considerava a Palavra de Deus, tanto pregada quanto lida, como o meio primordial de graça. Ele acreditava que a pregação fiel das Escrituras e o estudo da Bíblia são os veículos pelos quais Deus revela sua vontade e concede sua graça. 

Para Calvino, o Espírito Santo atua por meio da Palavra, iluminando as mentes e transformando os corações dos que a ouvem ou leem com fé. 

Além da Palavra, os sacramentos — o Batismo e a Ceia do Senhor (também chamada de Eucaristia) — eram vistos por ele como sinais visíveis da graça invisível de Deus. Estes não apenas simbolizam realidades espirituais, mas também as comunicam aos participantes que os recebem com fé. 

A oração também era considerada por Calvino um meio essencial de graça, pois, por meio dela, os crentes se comunicam diretamente com Deus, recebendo conforto, orientação e fortalecimento para sua fé. 

Mais de dois mil anos depois, constatamos que, a despeito de todo o esforço de Paulo e dos reformadores, há cristãos que ainda não entenderam que a santidade não é o resultado de um esforço humano à parte de Jesus, o que leva muitos a uma vida de legalismo. 

Sem Cristo, nada podemos fazer! Unidos com Jesus Cristo, vivamos uma vida de santidade, totalmente para a glória de Deus.

Foto de Rev. Kleber Nobre Queiroz

Rev. Kleber Nobre Queiroz

Pastor emérito da 1ª IPI de Natal, RN, e 2º secretário da Assembleia Geral da IPI do Brasil

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