TODO O TESTEMUNHO DE JESUS ESTÁ FUNDAMENTADO NO SERVIÇO AO PRÓXIMO COM O PROPÓSITO DE PROMOVER A VIDA
“Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28).
Reafirmar nossa fé e compreensão no Deus que se revela como servo nos ajuda a manter o foco e a corrigir os equívocos que atrapalham nossa caminhada como Igreja de Jesus, como Igreja Diaconal.
Ao citar um dos textos que nos remete à diaconia (Mt 20.28), entendamos que não é apenas um versículo que traz essa ideia. Todo o testemunho de Jesus Cristo está fundamentado no serviço ao próximo com o propósito de promover a vida. Sua presença e missão se caracterizam na diaconia. Em todas as mensagens e ações do Mestre, o serviço é a base fundamental. Por exemplo, a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37) e o episódio em que ele lava os pés dos discípulos (Jo 13).
Lamentavelmente, o serviço não está na pauta central da Igreja Evangélica. A diaconia, como expressão da missão da igreja, é sempre muito laboriosa e requer um esforço elaborado, coordenado e dispendioso. O agir sempre vai ser mais difícil e trabalhoso do que apenas falar. Expressar o amor de Jesus por meio de ações conscientes é sempre mais difícil do apenas dizer “eu te amo”.
Por esta razão, entendemos que é mais fácil para igreja cantar sobre o amor, falar sobre o amor do que agir, demonstrando o amor de Jesus. E a diaconia só é diaconia se for serviço prestado com amor (1 Co. 13).
Servindo à Igreja que serve
Devemos servir à igreja – não para que ela desfrute do serviço em estado de passividade e apatia, mas para que ela esteja preparada para servir ao mundo, sem pensar no que receberá em troca, pois o serviço da igreja é gratuito, assim como a graça que recebemos de Deus. “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8). Podemos utilizar, inclusive, a lógica do discipulado, aprendo por meio da convivência para então ensinar. É um aprendizado por meio do compartilhamento de vida, e não apenas com base em teorias. Jesus veio para fazer discípulos e, como mestre do serviço, nos tornar capazes de servir e prepara servos para a seara.
Que igreja somos hoje?
Que características a marcam? Uma igreja que serve, mas que não consegue fazer e preparar seus membros para o serviço? A igreja que se parece mais como um grande palco de entretenimento? Quem está trabalhando na apresentação e no culto, aparentemente tem consciência do serviço, mas aqueles que frequentam (a “grande massa”) apenas quer desfrutar de um culto cada vez mais profissional. O serviço desta igreja que hoje vislumbramos tem se especializado ao serviço da celebração, mas tem se distanciado do serviço ao que clama por socorro nas ruas e nos becos da vida.
Parece que repetimos os erros de Israel bíblico, no tempo do profeta Amós. O profeta denuncia os pecados relacionados ao culto e ao sacrifício que o povo oferecia a Deus. A profecia antiga é cabível a nossa realidade como povo de Deus no século XXI. Observe o que Deus fala por meio do profeta Amós:
“O SENHOR diz ao seu povo: – Eu odeio, eu detesto as suas festas religiosas; não tolero as suas reuniões solenes. Não aceito animais que são queimados em sacrifício, nem as ofertas de cereais, nem os animais gordos que vocês oferecem como sacrifícios de paz. Parem com o barulho das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas. Em vez disso, quero que haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não para de correr” (Am 5.21-24).
O profeta está denunciando um culto distante do serviço e da justiça. Os cânticos, o sacrifício e o serviço sacerdotal continuam, mas a vida do povo está corrompida. Israel estava cultuava a Deus, porém não praticava mais o serviço como povo do Deus justo, verdadeiro e misericordioso.
A igreja preserva a celebração – e reconhecemos que ela é bonita, bem elaborada, emotiva, profissional, mas distante da vocação diaconal, pois ainda há muitos que morrem de fome. Estamos em vias de uma guerra mundial, a política mundial desorientada e corrompida, e os mais fracos ainda carregam todo o peso do mal. E quem tem mais sofrido no cenário que acompanhamos, se não os pequeninos: as crianças, idosos e mulheres? Onde está a igreja que serve, onde está o amor que se entrega para salvar?
Que igreja devemos ser?
É necessário rever nossos conceitos: que igreja devemos ser? Quando, no final da Idade Média, a igreja com dezesseis séculos havia se perdido, a graça já não mais existia, o perdão, as bençãos e a salvação deveriam ser adquiridos com sacrifícios de toda espécie, inclusive financeiro. Houve um grupo de pessoas que se manifestaram anunciando o retorno ao Evangelho. É esse o sentido da Reforma Protestante. Não se criou uma outra igreja, mas apenas, e maravilhosamente, se resgatou o Evangelho que havia sido esquecido, escondido e aprisionado por interesse de alguns pelo poder.
Devemos continuar a servir uma igreja que busca servir aos que clamam por socorro, e não aos interesses, sejam eles quais forem, mas a Cristo. Não servir para satisfazer desejos fúteis e desnecessários. Devemos servir a Igreja que serve, a exemplo de Jesus, nosso exemplo de diaconia. Essa Igreja, que se apresenta como serva, vai nos levar ao serviço mútuo que sempre objetivará a vida plena, a vida abundante, a vida em Cristo.







