Agradeço a acolhida aos textos anteriores e os diálogos que surgiram a partir deles. É inspirador conhecer o que tem sido feito nas igrejas do nosso país e ouvir os anseios e desafios do trabalho com crianças.
Hoje proponho desenrolar algumas reflexões que transbordaram ao longo da minha participação na comitiva da IPI do Brasil que esteve no Congresso “National Gathering” a convite da ECO Presbyterian, em Dallas. Tive oportunidade de participar de fóruns direcionados aos líderes de ministérios com crianças e me dedico a tecer algumas reflexões.
Se olharmos de longe ou pesquisarmos sobre igrejas presbiterianas nos EUA, perceberemos grandes diferenças em relação às nossas. Lá, é comum que as igrejas possuam estruturas amplas, múltiplas salas, auditórios equipados e espaços de lazer. Além disso, muitas contam com ministros, pastores ou líderes em tempo integral dedicados exclusivamente ao ministério infantil. Enquanto isso, em nossas igrejas, lidamos com a realidade de espaços reduzidos, poucos voluntários e desafios estruturais que tornam o nosso trabalho mais desafiador.
Atualmente, no Brasil, há poucos pastores contratados para o trabalho exclusivo com crianças, alguns poucos seminaristas e licenciados dividem funções com crianças e jovens. Em sua maioria, os líderes infantis são voluntários, que se dedicam com amor, mas frequentemente se encontram sobrecarregados. Muitos enfrentam a falta de recursos, a escassez de novos voluntários e a ausência de estrutura adequada para realizar suas atividades.
É impossível falar sobre crescimento da igreja sem considerar as famílias e as crianças. Se não olharmos a elas com atenção e não prepararmos espaços para acolhê-las, como esperamos que elas permaneçam? Precisamos cuidar daqueles que cuidam das crianças. Este texto não é apenas para quem já está à frente do ministério infantil, mas também para você, pastor do nosso líder de crianças.

Queridos pastores, olhem para aqueles que cuidam, caminhem com eles, escutem suas dores, ouçam suas necessidades. Sei que não teremos solução rápida para nossas necessidades estruturais, mas o cuidado revelará uma nova forma de atuação e isso transbordará na vida da comunidade.
Nos fóruns que participei nos EUA, a ênfase não estava nos recursos materiais ou nos currículos adotados, mas nas pessoas. O foco era cuidar de quem cuida, conhecer os líderes do ministério infantil intencionalmente e discipulá-los, para que, por sua vez, discipulem as crianças.

Ao me aprofundar nas conversas com os líderes norte-americanos, percebi que, apesar das diferenças estruturais, os desafios no ministério infantil são essencialmente os mesmos. Mesmo em igrejas com amplos espaços e orçamento específico, há dificuldades para engajar voluntários, envolver as famílias na formação espiritual de seus filhos e garantir que as crianças não sejam apenas um público a ser entretido, mas discípulos em crescimento. Inclusive, discutiam maneiras de incluir novamente as crianças nos cultos, pois perceberam que a cultura de separação total estava enfraquecendo o senso de pertencimento infantil na comunidade.
Se queremos igrejas saudáveis e em crescimento, precisamos investir naqueles que sustentam o ministério infantil. Pastores e líderes que cuidam das crianças frequentemente enfrentam desafios sozinhos, lidando com a sobrecarga e a falta de recursos. Ninguém deve caminhar sozinho no Reino de Deus. Quando a liderança é fortalecida, toda a igreja é edificada.
Moisés enfrentou um desafio semelhante ao liderar o povo de Israel. Sobrecarregado, ouviu do seu sogro Jetro um conselho valioso: “O trabalho é pesado demais para você; você não pode executá-lo sozinho” (Êx 18.18). A solução foi compartilhar a liderança e confiar responsabilidades a outros.
Essa lição permanece atual. Líderes do ministério infantil precisam ser cuidados, apoiados e discipulados. Quando a igreja caminha junto com eles, criando um ambiente de suporte e encorajamento, o impacto se estende não apenas às crianças, mas a toda a comunidade. Que cada pastor e líder se sinta visto, acolhido e valorizado, pois o crescimento da igreja começa pelo fortalecimento de quem cuida.
O curso que estamos disponibilizando pela Coordenadoria Nacional de Crianças não é só para o líder de ministério com crianças, mas a todos os membros e pastores. Venha fazer parte!







