A EDUCAÇÃO É UMA EXTENSÃO DA MISSÃO: CAPACITA, LIBERTA E PREPARA PESSOAS PARA SERVIR A DEUS E AO PRÓXIMO
Onde está a igreja de Cristo? Certamente não apenas nos templos. Ela também se faz presente nos rincões mais distantes, nas esquinas barulhentas, nos becos escuros e – por que não? – em salas de aulas organizadas ou improvisadas. Ao longo da história da igreja evangélica no Brasil, a criação de escolas e projetos educacionais faz parte do testemunho cristão. Na IPI do Brasil, há inúmeros exemplos. Esta reportagem traz uma amostra e alguns princípios do poder da educação como testemunho do Evangelho.
“Aqui descobri que posso ser alguém”
A pequena Amanda (nome fictício) chegou ao Espaço Criança, da Fundação Presbiteriana de São Paulo, em um estado de grande vulnerabilidade social: dificuldades na escola e fragilidades na família. Ao longo dos meses, porém, por meio das atividades pedagógicas, culturais e esportivas, Amanda foi fortalecendo sua autoestima e melhorando seu rendimento escolar num ambiente seguro e afetuoso. Hoje, está novamente frequentando a escola e sua família recebe acompanhamento e apoio contínuo. Em suas próprias palavras: “Aqui eu descobri que posso ser alguém”. “Para nós, isso é o Evangelho vivo”, diz o Rev. Paulo Eduardo Cesquim, diretor-presidente da Fundação.

São muitos os projetos educacionais e sociais desenvolvidos pela Fundação Presbiteriana de São Paulo; o Espaço Criança é um deles. Por meio dele, são atendidas 140 crianças em situação de vulnerabilidade social ou que sofreram com violações de direitos. Lá as crianças recebem orientação psicopedagógica e socioeducativa e aulas de cidadania e esportes.
“É urgente que iniciativas cristãs se posicionem com firmeza e compromisso. Não podemos nos calar ou cruzar os braços. Nossa fé nos impulsiona a enfrentar a desigualdade não só como um problema técnico, mas como uma questão espiritual e ética”, afirma Cesquim.
Educação é extensão da Missão
Cesquim falou ainda sobre o Colégio Presbiteriano de Osasco (SP) – uma escola confessional de ensino infantil, fundamental I e II, com 149 alunos, que tem como mantenedora a IPI da cidade, da qual ele é pastor. Uma vantagem do colégio é que, por ser confessional, intenciona oferecer a seus alunos um projeto de vida, desenvolvendo raciocínio crítico, interpretação, resgate de valores, otimização de potenciais, descoberta de talentos, autoconhecimento, valorização das relações sociais e da fé.
“A missão de Deus — a Missio Dei — é ampla e envolve redenção, reconciliação e restauração. Nesse contexto, a educação é uma extensão dessa missão, pois capacita, liberta e prepara pessoas para servir a Deus e ao próximo”, ressalta.
Preparar + Ação + Oração
O Projeto Preparação, vinculado à 3ª IPI de Volta Redonda, RJ, começou em 2016 a fim de preparar jovens e adultos para o vestibular. Logo abriu uma segunda turma, com alunos em busca de vagas em colégios públicos militares e de referência. O nome é uma junção dos termos “Preparar + Ação + Oração”. Atualmente, recebe, em média, 50 inscritos por ano.

“Demostramos o amor da igreja aos irmãos ao ajudar na obtenção de títulos acadêmicos e vagas de emprego, além de dar ferramentas educacionais para alcançarem seus sonhos. As aulas se iniciam com devocionais para evangelização e motivação”, explica Rozane Moreira, coordenadora.
A educação tem o poder de resgatar sonhos, como é o caso da Margarete. Por ser cega, ela enfrentou muitas dificuldades. Chegou ao Preparação já com 50 anos, foi aprovada em Pedagogia e hoje está concluindo seus estudos. Já a Lays quase desistiu de tudo por conta do vitiligo, mas no projeto ela reaprendeu a sonhar. Hoje está na metade do curso de Direito numa universidade particular, com 100% de bolsa pelo PROUNI. Já o Renan, depois de ser aprovado em Engenharia na Universidade Federal Fluminense, ingressou na Escola dos Sargentos das Armas do Exército Brasileiro.
Tocar o futuro
O último exemplo é o Projeto Mão Amiga, localizado na Zona Norte de Presidente Prudente (SP). Lá, 110 crianças vulneráveis, de 06 a 14 anos de idade, são atendidas com contraturno escolar. Elas participam de oficinas de ética e cidadania, artes, esportes, pilates, dança, judô, entre outras. São alimentadas diariamente com 3 refeições, além do alimento para a alma. O projeto começou debaixo da árvore no conjunto habitacional recém-inaugurado, em frente à casa da Dona Lia, uma “senhorinha” diaconisa da IPI Central, que dava bolacha e suco e contava histórias da Bíblia às crianças que brincavam na rua. 40% dos recursos vêm das ofertas de irmãos em Cristo.

Para o diretor administrativo e pastor da pequena Congregação que atende pastoralmente o Mão Amiga, Rev. Gustavo Viana, por meio de projetos como este “vemos o potencial que o Senhor enxerga na vida das pessoas, que nem elas mesmas enxergam. É tocar o futuro e colher vidas para a eternidade de forma direta e concreta, ‘fé e obras’ em ação”, diz.
“A educação não é algo fora da igreja. Ela faz parte das responsabilidades de serviço que a Igreja de Jesus é chamada a oferecer ao próximo”, conclui a Secretária Nacional de Ação Social e Diaconia da IPI do Brasil, Ieda Rebouças.







