Páscoa: novos começos

Há poucos dias, tive o privilégio de redigir a pastoral para este informativo com o título “A expectativa de um novo tempo”, marcando o início de 2025.

Há poucos dias, tive o privilégio de redigir a pastoral para este informativo com o título “A expectativa de um novo tempo”, marcando o início de 2025. Como o tempo passa rápido! Já estamos em abril, quatro meses depois, celebrando a Páscoa, e cá estou redigindo algo para comemorar esta importante data do calendário cristão!

Normalmente, em nossas celebrações de Páscoa, experimentamos um misto de sentimentos: o de lamento e o de alegria. Lamento por causa do julgamento, crucificação, morte e sepultamento de Jesus, eventos que compõem “a paixão de Cristo”, definindo um momento de profunda dor e sofrimento que o Messias experimentou entre a quinta e a sexta-feira da paixão. 

A alegria, por outro lado, é gerada pela ressurreição ocorrida no domingo, o primeiro dia da semana, anunciada pelo anjo, validada pelo túmulo vazio e confirmada pelas aparições do próprio Messias.

Tudo isso é rememorado nas igrejas cristãs nesta chamada “Semana Santa”, por meio de canções, dramatizações, proclamação da Palavra e ceia, entre outros elementos litúrgicos do culto, celebrando o nosso resgate e a vitória triunfante de Jesus sobre a morte.

Recentemente, nas vésperas do carnaval, circulou nas redes sociais uma mensagem de uma pessoa adepta do espiritismo de terreiro, conclamando as pessoas a participarem do carnaval com a seguinte apologia: os cristãos têm o Natal, os judeus têm a Páscoa, os muçulmanos têm o Ramadã, e o candomblé tem o Carnaval.

Essa mensagem estabeleceu o relacionamento de festas com religiões. Quanto à menção da relação espiritual existente entre o carnaval e o espiritismo de terreiro, há, no mínimo, reconhecimento público. Entretanto, ao mesmo tempo, é uma alarmante revelação. 

Mas é muito importante ressaltar que a Páscoa não é uma celebração restrita aos judeus, mas também uma festa cristã. Enquanto os judeus celebram a libertação da escravidão do Egito, os cristãos celebram a libertação do pecado e da morte. Todavia, tanto para os judeus como para os cristãos, a Páscoa é um novo começo.

No Antigo Testamento, a Páscoa judaica aconteceu quando Deus libertou o povo de Israel do jugo egípcio. Os israelitas deixaram a condição de escravos e passaram a caminhar livres em direção à terra prometida, definindo assim um novo começo. “O Senhor disse a Moisés e a Arão, no Egito: Este mês será para vocês o principal dos meses; será o primeiro mês do ano para vocês” (Êx 12.1-2).

Para os judeus, tratava-se de um novo começo por alguns aspectos: 

  • Estavam deixando tudo para trás (endereço, moradia, convivência, etc.) em busca de uma nova oportunidade; 
  • Seriam guiados em direção à “terra prometida”, como um povo organizado em 12 tribos, representando os 12 filhos de Jacó; 
  • Estavam partindo em direção ao deserto para prestar culto ao Deus de seus ancestrais, com expectativa de um futuro promissor e de um estreitamento da relação com a divindade; 
  • Tinham um novo líder comissionado pela autoridade divina, num processo de credenciamento; 
  • Sem residência fixa, viveriam como nômades, sem rotina, sem sustento previsível, num estado de completa vulnerabilidade e exposição a perigos e intempéries do deserto; 
  • Seriam desafiados a confiar no Deus de seus pais, conhecido pelo seu poder, fidelidade e misericórdia.

 

Assim como os judeus vivenciaram um novo começo ao saírem do Egito, a Páscoa cristã celebra a renovação e a liberdade conquistadas por meio do sacrifício de Jesus. Esse ato estabelece uma Nova Aliança, que simboliza novos começos sob diferentes aspectos:

  • O triunfo sobre a morte e sobre o pecado;
  • A substituição do quadro trágico da sexta-feira da paixão por um lindo cenário do amanhecer no domingo da ressurreição;
  • O estabelecimento de uma nova aliança entre Deus e os seres humanos, em que são oportunizados o perdão de pecados, uma nova vida, a salvação e a vida eterna;
  • A esperança de um novo amanhã: “porque Ele vive, posso crer no amanhã”;
  • Uma vida restaurada e renovada através do novo nascimento. 

 

“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (2Co 5.17).

Esse é o espírito da Páscoa. Transcende a visão mercantilista de coelhos e ovos de chocolate e não está restrita apenas a uma celebração anual ou a um povo único. É um convite para todos refletirem sobre seus novos começos, desfrutando do que Deus oferece seu Filho por meio de Cristo Jesus. 

Nesta Páscoa, renovemos nossa fé e, com gratidão, vivamos essa realidade de novos começos. Que a cada pão e cada cálice, recordemos a dádiva de uma nova oportunidade em Cristo, e a esperança do Reino de Deus.

Feliz Páscoa!

Foto de Rev. Edson Augusto Rios

Rev. Edson Augusto Rios

Pastor da IPI de Dourados, MS, e 2º vice-presidente da diretoria da Assembleia Geral da IPI do Brasil

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