BRASIL OFICIALIZA SÃO MIGUEL ARCANJO
Em 25 de setembro, foi promulgada lei que inclui o dia 29 de setembro – festa dos Santos Arcanjos – no calendário nacional como homenagem específica a São Miguel Arcanjo, reconhecendo sua relevância na devoção popular e em tradições como a “Quaresma de São Miguel”. A medida tem caráter simbólico-cultural, sem impacto orçamentário, e ressalta a presença de São Miguel como patrono da Polícia Militar e de cidades brasileiras, conectando fé, identidade local e serviço público.
A religião católica romana deixou de ser a religião oficial do Brasil no ano de 1890. O Decreto 119-A (7/1/1890) extinguiu o padroado, proibiu que autoridades criassem ou mantivessem uma religião oficial, e assegurou plena liberdade de cultos, reconhecendo personalidade jurídica às confissões religiosas. A Constituição de 1891 consolidou a laicidade estatal inaugurada pelo decreto republicano, afastando a religião oficial prevista no art. 5º da Constituição de 1824 do Império.
Apesar da laicidade do país, o Brasil continua fortemente influenciado pela tradição Católica Romana, que permeia a identidade cívica e serviços públicos, e desafia as comunidades de fé a discernirem a presença pública da fé em um Estado laico com esta forte herança católica romana.
LIBERDADE RELIGIOSA E O SÁBADO
No fim de setembro, um caso em tribunal no Brasil, na cidade de Patrocínio, Minas Gerais, reafirmou a proteção da liberdade religiosa ao garantir a uma professora adventista o direito de guarda do sábado com acomodações institucionais, reforçando o princípio de respeito às convicções no ambiente de trabalho e estudo. A decisão ecoa um movimento mais amplo de promoção da liberdade de consciência e de práticas religiosas no país, em um cenário plural e de crescente necessidade de ajustes razoáveis entre deveres civis e convicções de fé.
Além do impacto direto no caso concreto, a decisão fornece um precedente pedagógico para gestores públicos e privados estruturarem políticas de acomodação religiosa, com fluxos de solicitação, prazos, alternativas avaliativas e ajustes de jornada que não imponham ônus desproporcional à instituição. Ao mesmo tempo, explicita que a liberdade de crença caminha com a responsabilidade profissional, convidando as partes a soluções colaborativas, previsíveis e documentadas.
DECLARAÇÃO DE WESTMINSTER 2025 NO REINO UNIDO
Líderes cristãos conservadores lançaram a “Declaração de Westminster 2025” pedindo a autoridades que protejam liberdade de expressão e de consciência em meio a tensões políticas e culturais no Reino Unido. O texto alimenta debates sobre presença pública da fé, papel das igrejas e limites entre convicção religiosa e discurso responsável na arena cívica britânica.
Este grupo de cristãos apelou ao governo do Reino Unido para que “respeitem a dignidade humana e a liberdade de consciência, tragam uma bússola moral à vida pública e às instituições e planeiem o futuro da nação”. O apelo renova um esforço semelhante em 2010, e os organizadores esperam que uma petição atraia 100.000 assinaturas e desencadeie um debate no Parlamento.
O grupo afirma: ” Ao ignorar a herança cristã da Grã-Bretanha, colocamos em risco a vida humana, enfraquecemos a sociedade e criamos uma nação fragmentada, desligada das suas tradições formativas e sem uma visão unificadora para o seu futuro”. O presidente do projeto é o antigo bispo anglicano, agora católico, Dom Michael Nazir-Ali. Os palestrantes no lançamento incluíram a ex-deputada conservadora Fiona Bruce e Lord Nigel Biggar, professor emérito de teologia na Universidade de Oxford.
SEMANA MUNDIAL PELA PAZ NA PALESTINA E ISRAEL
O Conselho Mundial de Igrejas promoveu, de 20 a 26 de setembro, a Semana Mundial pela Paz na Palestina e Israel, convocando oração, incidência e educação para a reconciliação. Comunidades reformadas e ecumênicas engajaram-se com liturgias e ações públicas, reforçando a dimensão diaconal e profética da missão em contextos de conflito.
Neste ciclo, materiais pastorais destacaram o tema bíblico “Devemos prestar contas” (Hb. 4:13), convocando igrejas a examinar responsabilidades morais diante do sofrimento de civis, da destruição de infraestrutura essencial e do deslocamento contínuo, com propostas para vigílias, estudos e intercessões públicas. Ao incentivar prestação de contas e solidariedade criativa, as iniciativas chamaram líderes a “falar a verdade ao poder”, apoiar ajuda humanitária e promover espaços de escuta entre diásporas locais, fortalecendo uma esperança ativa enraizada nas Escrituras.
“RAPTURETOK” E PREVISÕES APOCALÍPTICAS VIRAIS
Uma previsão de arrebatamento para 23-24 de setembro viralizou em redes sociais, impulsionando conteúdos no TikTok sob a etiqueta “RaptureTok”. A cobertura destacou ciclos recorrentes de datas do fim dos tempos e o desafio pastoral de discernir, formar biblicamente e acolher ansiedades escatológicas no espaço digital.
A onda trouxe consequências práticas: relatos de pessoas vendendo bens, pedindo demissão e até orientações para deixar celulares desbloqueados e pertences acessíveis a quem “ficar”, evidenciando como conteúdos virais podem induzir decisões. A cobertura jornalística também registrou reações céticas e humorísticas, expondo a dinâmica de bolhas digitais onde crença, paródia e desinformação se retroalimentam, o que requer pastoreio cuidadoso e alfabetização midiática nas comunidades de fé.
Pastoralmente, há o desafio de se retomar a escatologia cristã histórica: a esperança no retorno de Cristo, o chamado à não se marcar datas e o chamado à vigilância fiel no cotidiano, ajudando especialmente jovens a diferenciar doutrina, opinião e entretenimento algorítmico.







