Nosso DNA

Ser presbiteriano é mais do que assumir uma identidade religiosa. Tem a ver com o DNA que Deus nos deu de ser uma comunidade histórica, de ser mais do que indivíduos isolados, enfim… de ser igreja de Cristo. Conversamos com o Rev. Sérgio Gini, presidente da Assembleia Geral da IPIB (2023-2027) sobre sua história como presbiteriano independente e seus sonhos para a IPI do Brasil. Confira a seguir.

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Rev. Sérgio Gini

O que significa ser presbiteriano independente? ⁠O senhor sempre fez parte IPI do Brasil?

Meus ancestrais, maternos e paternos, foram evangelizados pelo Rev. Da Gama, missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, em 1873. Fizeram parte do núcleo fundador da Igreja Presbiteriana do Rio Novo, atual cidade de Avaré, organizada em março de 1873. No antigo livro de atas dessa igreja, constam como fundadores mais de 20 parentes meus, ancestrais maternos (famílias Oliveira Pinto, Camargo, Moura, Moraes) e paternos (Miranda e Laureano). Essa igreja aderiu ao movimento de independência em 1903, passando a se chamar Igreja Presbiteriana Independente de Cachoeirinha do Avaré. Um dos presbíteros fundadores da IPI do Brasil, Delfino Augusto de Moraes, era representante dessa igreja na reunião de 1903. Ele é meu tio-bisavô materno.

De Avaré, a numerosa família foi fazendo a trilha para o oeste e noroeste paulista. Se instalaram inicialmente em Guaricanga; depois uma parte se dividiu: alguns foram para Formosa (atual Marília); Três Coqueiros, que depois se transformou em Iepê; e para Campos Novos, que depois se transformou em Assis. De Assis um grupo migrou para Presidente Prudente e outro entrou para o Paraná, passando por Sertanópolis, Londrina, Maringá e Paranavaí. Meus pais nasceram na Fazenda Anhuminhas, na região entre Maracaí e Cruzália. Ali havia uma igreja presbiteriana independente composta por membros das nossas famílias. Meu pai e minha mãe foram batizados pelo Rev. Azor Etz Rodrigues.

Eu nasci na cidade de Paranavaí, noroeste do Paraná, e fui batizado pelo Rev. Guaraciaba Araújo. Meus pais, que se casaram em Maringá, pelo Rev. Ausberto Bressane, haviam se mudado para Paranavaí para melhor oportunidade de trabalho na época. Retornei ainda criança para Maringá e meus pais foram fundadores da 2ª IPI de Maringá, na Vila Operária.

Em 1975, por conta do movimento de renovação espiritual, que fez surgir a Igreja Presbiteriana Renovada, e que foi muito forte na região de Maringá, uma parte da minha família saiu da 2ª IPI e foi para a IPR. Foi uma época muito triste. Eu frequentava a Escola Dominical na 2ª IPI, onde ficaram meus avós e tios, e os cultos noturnos na IPR com meus pais. Ao todo, fiquei 15 anos na IPR. Em 1992, já casado e com filhos, voltei para a IPI. Posteriormente, me tornei membro novamente da 2ª IPI de Maringá, igreja que me recomendou ser recebido pelo Presbitério como candidato ao Ministério e em que fui seu pastor auxiliar.

Embora tenha ficado um período na IPR, de fato, nunca deixei a IPI no coração. Assinava O Estandarte, colecionava as revistas da Escola Dominical, e sabia tudo o que ocorria em nossas igrejas, acompanhando as reuniões do Supremo Concílio.

Louvo a Deus por poder ser chamado a exercer o ministério pastoral na IPI. Poderia ter sido pastor de outra denominação, mas aprouve Deus que eu fosse ordenado e exercesse todo o meu ministério na IPI do Brasil!

Que Igreja o senhor sonha para os próximos anos?

Penso que não devemos pensar em sonhos individuais para a Igreja. Os sonhos, no sentido aqui de expectativas, projetos, devem ser coletivos. Por isso, eu oro a Deus para que haja um despertamento em nosso povo para que vivamos o discipulado como ponto primordial da fé e da unidade. Tudo começa no discipulado. Tudo converge para o discipulado. Aliado a isso, oro para que possamos continuar investindo na abertura de novos projetos de plantação de igrejas. Se chegamos até aqui foi porque no passado missionários e missionárias foram desbravadores, plantando igrejas e colonizando cidades. Não podemos perder isso em nosso DNA. Outro motivo de oração tem sido para que haja, de fato, uma revitalização em nossas igrejas. Revitalizar significa trazer “vida nova” e implica em mudança de estratégias e de paradigmas. É um dos grandes desafios para uma denominação que possui muitas igrejas centenárias. Mas, como disse, tudo começa com o discipulado. Sem ele, nossos esforços serão desperdiçados.

⁠O que o senhor gostaria que a IPI do Brasil conservasse? E o que poderia mudar?

Gosto sempre de falar sobre forma e essência. As formas, métodos de organização, agendas etc., mudam e se não mudarem tornam-se obsoletas e condenadas ao ostracismo. Então, tudo o que está ligado às formas, ao jeito de fazer, ao jeito de administrar, pode mudar. É saudável que mude, pois a sociedade está em constante mudança. Se não mudarmos, ficamos anacrônicos. Todavia, a essência do que é a Igreja, do que é a IPI do Brasil, essa não muda. Esse é o seu “tempero secreto”. Fidelidade às Escrituras, unidade na diversidade, o testemunho de ser uma igreja conciliar, livre de “donos” e de grupos ideológicos; uma Igreja que prima pela educação, pela Teologia fundamentada e prática; uma Igreja igualitária e justa; uma Igreja que denuncia os males sociais e os males do pecado; uma Igreja que anuncia o único meio de salvação para todos os seres humanos: Jesus.

Se tivesse que explicar em uma frase o que é ser presbiteriano independente para alguém de fora, o que diria?

Apaixonado! Ser presbiteriano independente é ser apaixonado pela nossa história que desde 31/07/1903 ecoa “Pela Coroa Real do Salvador”!

Foto de Rev. Sérgio Gini

Rev. Sérgio Gini

Presidente da Assembleia Geral da IPIB (2023-2027)

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