Nós estamos aqui

Você já viu um título parecido: Ainda estou aqui. É de um filme, com base em livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, estrelado pela talentosa e premiada Fernanda Torres, com Selton Mello e a grande atriz Fernanda Montenegro, e ainda a sensível direção de

Você já viu um título parecido: Ainda estou aqui. É de um filme, com base em livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, estrelado pela talentosa e premiada Fernanda Torres, com Selton Mello e a grande atriz Fernanda Montenegro, e ainda a sensível direção de Valter Salles. 

A história do filme é baseada na vida e desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva, capturado durante os anos de chumbo e nunca mais visto. Fernanda interpreta com maestria a história da mãe, Eunice, cinco filhos, que fica subitamente sem o marido. 

“Eis-me aqui”, respondeu Abraão ao Senhor (Gn 22.1). “Fala porque o teu servo ouve”, respondeu Samuel (1Sm 3.10).

Há uma semelhança indireta com a vida de João Calvino. Nascido na França, sob implacável perseguição, teve de fugir para a Suíça. 

O formato presbiteriano nasceu nele inspirado. A igreja floresceu, os frutos se multiplicaram

Nosso alvo missionário é o semelhante, o nosso próximo, que nos empenhamos em cativar e salvar, dando conhecimento sobre Jesus, a poderosa força redentora da salvação.

Os semeadores

Por que plantamos? Acreditamos nas boas sementes do Evangelho, preparando a terra antes de lançá-las para colher os frutos da grande seara. Faz parte da missão fundamental da igreja. Salvar é abrir as portas da morada celeste. Quem não se salva pode ser vítima da segunda morte – espiritual, eterna.

Antes de plantar, aprendemos para ensinar, aí sim, o que sentimos. No mundo atolado no pecado, perde-se a si mesmo. Próximo é gente que muitas vezes nem sabe o que é conversão. Há quem diga que diz ama a humanidade, mas – grande contradição – não se relaciona com o próximo.

Continuamos aqui porque consciências fazem parte do nosso habitat. Diante do próximo, gestos e atitudes mostram que estamos solidários. Alegramo-nos, ficamos entristecidos também. Entendemos o próximo. E ele nos compreende.

Estar com o próximo em nossos turbulentos dias é grande desafio. Parece que vivemos dias de castigos. Muita coisa se esconde nas vestes dos poderosos múltiplos. Diferente do legado dos profetas e os ensinos das Escrituras, há subversão na nave de alguns templos, com seus bancos ocupados por fariseus e saduceus. Existem átrios onde se fabrica o ouro falso dos detentores do poder, que ardilosamente neles se infiltram. 

Salvação é livramento do pecado. Redenção espiritualizada. Salvamento é físico, trabalho magnífico dos bombeiros, os guarda-vidas.  Quem se salva consegue aproximar-se de Deus, escapar da segunda morte. 

Esta é a razão pela qual continuamos aqui, pregando que a vida está em Jesus, como Ele mesmo diz: “Se alguém guardar a minha Palavra, não verá a morte, eternamente” (Jo 8.51). 

Na tarefa missionária, percebemos que existem muitas lugares onde Jesus ainda é desconhecido. O reino de Deus avança primeiro nos corações e depois ocupa espaços. É missão dos apóstolos de todos os tempos.

Calvino contemporâneo

Chegamos, continuando aqui, a um ponto desagradável. 

Nietzsche conceituou que nada há mais morto do que a história só como um acúmulo de saber. Porque ela não é um luxo do conhecimento, pois deve servir como meio para algum fim ou objetivo vital. 

Para ele, o conhecimento que apenas instrui sem vivificar não interessa. A fé vai profundamente além. 

Walter Benjamim, articular o passado não significa necessariamente conhecê-lo como ele de fato foi. 

A escritora Tatiana Levy salienta que o tempo presente não é só transição entre antes e depois. Olhar para a história é preciso: o passado não tem imagem eterna, experiência única. 

Vamos ao estranho momento: estamos assistindo a furiosos ataques, histéricos e histriônicos, partindo de atrevidos pseudo-teólogos, em pesadas críticas a Calvino. Cinco pretéritas centúrias depois, falam sobre o capítulo nono da carta de Paulo aos romanos, para afrontá-lo com espantosa ferocidade, chegando a chamá-lo em termos totalmente desrespeitosos, utilizando vocabulário vulgar. Pretendem que “calvinista” seja um pejorativo semântico.

Vejamos a palavra que esses seres tanto questionam: predestinação. Escolhido para um certo destino, ou seja, os salvos já sabem para onde vão. Sabemos, fomos eleitos. Arbítrio é arbitragem, julgamento na destinação dos salvos. Sabemos muito bem para onde iremos.

O verbo predestinar nada tem a ver com os insultos por conexão a nós dirigidos. Mostram uma pretensão de reinterpretar o que não pode ser interpretado do modo que eles querem. Feita a legítima defesa presbiteriana reformada, inspirada por Calvino, vamos ao que interessa.

Não é Calvino quem salva; é só Jesus. 

Os demiurgos querem nos tratar como cristãos de segunda categoria, como se entre nós pudesse existir alguma hierarquia. O pior é que se intitulam “líderes” religiosos. Lamentamos profundamente, mas tais aleivosias não poderiam deixar de ser registradas. Estamos aqui.

Percival de Souza, jornalista e membro da 1ª IPI de São Paulo, SP

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