Nas mídias sociais neste mês foi publicada a notícia da Sra. Iolanda Ribeiro Conti, que iniciou um curso de graduação aos 91 anos. Muitas perguntas surgiram tais como: nesta idade começar a estudar em uma faculdade para que? Como irá conseguir estudar ao lado de pessoas muito mais jovens? Será que o tempo para enfrentar um curso superior já não ficou para trás? Enfim, ao lado de perguntas que têm um misto de inquietações e projeções, muitas opiniões de estímulo e encorajamento também surgiram nas redes sociais.
O fato é que não há dia ou hora para se tomar uma atitude que nos leve a um novo começo, em qualquer área da vida.
Encontramos nas Escrituras, muitas mulheres que, ao se defrontarem com situações desafiadoras, não se acomodaram e decidiram por um novo começo em suas vidas.
Rute, a moabita, deixou a estabilidade do convívio familiar para acompanhar a sogra Noemi e ambas tiveram que vivenciar um novo começo, uma na sua própria terra, de onde se ausentara por mais de uma década e a outra por chegar em terra estrangeira e precisar se adaptar em um meio social e cultural diferente do seu ambiente de origem. Novos começos exigem esforço, correr o risco, conhecer e controlar as emoções e obter novos conhecimentos para prosseguir a fim de se alcançar novos objetivos.
Noemi com a sua experiência, ainda que tenha vivido situações que a frustraram, não se esquivou de orientar a nora Rute sobre como deveria agir para que elas pudessem sobreviver e garantir o direito à terra para seus descendentes.
Sejam quais forem os obstáculos, um novo começo permite seguir em frente, descobrir e aprimorar as habilidades, e desenvolver a resiliência para que novas oportunidades de realização pessoal, para a prestação do serviço às outras pessoas e, principalmente, para que seja conhecido o cuidado e o amor de Deus na vida de seus filhos e filhas.
Rute e Noemi não ficaram se lamentando, considerando-se incapazes diante de uma situação desafiadora. Tiveram atitudes para vencerem as adversidades e alcançarem o que lhes garantia a sobrevivência e a pertença no povo de Israel. Duas mulheres, uma idosa e outra estrangeira, tiveram a coragem de iniciar novas histórias de vida.
Na narrativa bíblica ou na história, mulheres nomeadas e anônimas deixaram o exemplo de novos começos. Elas tiveram que vencer a inércia, os medos, os julgamentos externos e internos, as intolerâncias e muitos outros obstáculos.
Novos horizontes a serem alcançados
Neste ano, a educação teológica na IPI do Brasil celebra 120 anos, um marco na vida da igreja que nasceu com a preocupação de preparar sua liderança de forma sólida, com embasamento bíblico, teológico e prático interrelacionados, incentivando e preparando pessoas para desenvolverem as habilidades e competências para o exercício do ministério pastoral.
Em 1905, um novo começo, mas não havia lugar para as mulheres se inserirem no estudo teológico sistemático e sistematizado. Porém, cerca de 30 anos após o início do seminário, uma mulher se propôs a se preparar formalmente para realizar a missão que recebeu de Deus. Cesarina Xavier Pinto, a primeira mulher na IPI do Brasil a concluir o curso de teologia, em 1937, em um período em que não havia ordenação de mulheres para o pastorado, o que veio ocorrer somente em 1999, 94 anos após a instalação do primeiro seminário.
Hoje, Deus continua chamando mulheres que se veem diante de novos obstáculos, novos desafios e que são chamadas a novos começos, sejam eles na vida pessoal, social ou eclesiástica e, como foi para Rute e Noemi, o companheirismo, o conhecimento, a sabedoria, a parceria e a organização são elementos essenciais para que se alcance algo proposto.
O desânimo, às vezes, é forte aliado do desejo de desistir ao se iniciar nova jornada. Além dele, críticas, tentativas de desqualificações, falta de oportunidades, entre outros elementos, podem se tornar estressantes e desestimuladores, mas como Rute que não seguiu os conselhos iniciais de Noemi para retornar à sua família e tudo o que ela representava, as mulheres são desafiadas a ouvirem a voz de Deus e a se prepararem para o ministério ao qual foram chamadas, inclusive o pastorado.
Diante de caminhos que já foram abertos por inúmeras mulheres, não sejamos empecilhos umas às outras e caminhemos para novos começos, com fé, coragem e disposição para vencer barreiras guiadas pelo Espírito Santo.
Hoje é um dia para um novo começo, para reafirmamos que, assim como os homens, as mulheres também são vocacionadas, também fazem parte da história de persistência, de resistência, de resiliência da IPI do Brasil e que estão dispostas a assumir todo e qualquer ministério, inclusive os que atuam em instâncias decisórias, pois há um novo começo em cada novo dia.
