Errar e amar: o desafio das famílias cristãs

É muito comum ouvirmos pessoas relatando dificuldades no relacionamento familiar. As queixas abrangem diversos aspectos: conflitos intergeracionais, dificuldades conjugais, desafios na educação dos filhos, problemas na comunicação e comportamentos indesejáveis estranhos à cultura da família, para citar apenas alguns.

Entretanto, um tema pouco discutido é o papel do erro no relacionamento familiar. Como temos encarado os erros dos nossos familiares, sejam eles adultos, crianças, adolescentes ou idosos?

Todos erramos (esta verdade é incontestável) e a maneira como lidamos com nossos próprios erros e com os erros de nossos familiares pode ser decisiva para a qualidade do nosso relacionamento e para a saúde da nossa família. Muitas famílias se desestruturam quando alguém comete um erro grave.

A Bíblia é uma coleção de histórias de famílias. E, exatamente como as nossas, as pessoas que compunham as famílias bíblicas cometiam erros (e, algumas vezes, erros muito graves).

Um exemplo disso é a parábola de Jesus sobre um homem que tinha dois filhos (Lc 15.11-22). O filho mais jovem, talvez com a impetuosidade de um adolescente ou a imaturidade própria dos jovens, decidiu romper com sua família e sair de casa com sua parte da herança. Esta foi sua decisão.

É importante notar que o texto não relata que o pai tenha tentado dissuadir o filho. Será que ele não sabia que aquela decisão era equivocada e que traria consequências para todos? 

Neste trecho, há uma lição importante: raramente podemos evitar que nossos familiares errem. E, embora os erros tenham consequências, todos nós aprendemos quando erramos! Nem sempre o erro representa um caminho sem volta.

O filho manteve-se firme e fez exatamente o que se propôs: abandonou a família e viveu sua vida, baseando-se em princípios muito diferentes daqueles que aprendera em casa. 

Não demorou muito para que ele mesmo percebesse que sua escolha não tinha sido a melhor. Ele reconheceu seu erro.

O pai, por sua vez, não deixou de amar seu filho, apesar do evidente erro. Pelo contrário, ele o aguardava e torcia para que o rapaz reconhecesse que havia errado e retornasse para casa.

Quando o rapaz retornou, curiosamente, o pai organizou uma festa: é preciso celebrar quando nossos familiares se recuperam de seus erros e permitem que a família se reorganize! 

Talvez esta não seja a atitude mais comum em nossas famílias, mas ela é necessária. Celebre a vitória sobre o erro! Celebre o arrependimento!

Com o retorno do filho mais jovem, o mais velho mostrou-se insatisfeito e revoltado. Mais uma vez, o pai tratou o erro na família com amor e tolerância.

Deve-se ressaltar que o pai não ficou preso ao erro do filho, mas o recebeu e o reintegrou à família. O erro, embora muito grave, permaneceu no passado. Além disso, também acolheu com amor o filho mais velho, apesar de sua crise de ciúme.

É possível extrair algumas lições práticas sobre como administrar o erro na família:

• Reconheça que todos da sua família erram (inclusive você);
• Aprenda a lidar com ternura com os erros cometidos pelos membros
da sua família;
• Entenda que o erro contém uma oportunidade de arrependimento e
crescimento; o erro não é o fim da jornada;
• Não permita que os erros destruam seu relacionamento familiar;
• O amor supera o erro;
• Por fim, aplique estes princípios aos seus próprios erros.

Foto de Rev. Esny Cerene Soares

Rev. Esny Cerene Soares

Pastor da IPI de Vila D. Pedro I, em São Paulo, SP, e professor da FATIPI

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