Ele nasceu no dia 1º de fevereiro de 1921, em Cabedelo, PB. Bacharelou-se em Teologia pela Faculdade de Teologia de São Paulo da IPI do Brasil, licenciou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão, e concluiu seu mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi ordenado pastor no dia 6 de fevereiro de 1947. Assumiu o pastorado da 1ª IPI de São Luiz, MA, onde permaneceu, ininterruptamente, até 1974, da qual recebeu o título de Pastor Emérito. Pastoreou também as seguintes igrejas: 2ª IPI de São Luiz, 1ª IPI de Manaus, 1ª e 2ª IPIs de Belém, Sacaitaua, Maravilha e Matinha, 1ª e 2ª IPIs de Fortaleza.
Casado com Enilde Cotrim Figueiredo, teve seis filhos: Enileida, Ewaldo, Eleina, Elseleina, Edjalma e Antônio Tito.
Prefaciando o livro do Rev. Adiel, “Diaconia ou Promoção Humana”, o Rev. Abival Pires da Silveira escreveu a seu respeito as seguintes palavras: “Era crítico sem ser destrutivo, corajoso sem ser arrogante, reformador sem ser iconoclasta, idealista sem ser romântico. Era liberal na sua ortodoxia e ortodoxo no seu liberalismo”.
No ano em que a IPI do Brasil estava celebrando o seu centenário, o Rev. Adiel nos deixou depois de um período de enfermidade, no dia 14 de maio de 2003. Estava com 82 anos de vida e com 56 anos de ministério pastoral.
Pastor e professor universitário, seguindo o exemplo do Senhor Jesus, o Rev. Adiel foi sobretudo um grande apaixonado pelo ministério diaconal. Ele dizia:
“na Bíblia, desde os tempos mais antigos, Deus esteve do lado da pobreza e, ao fazer opção pelo pobre, Deus sempre vocacionou homens e mulheres para a diaconia”.
A presente “entrevista” apresenta respostas do Rev. Adiel encontradas na sua obra “Diaconia ou Promoção Humana”.
Por que você dá tanta importância ao ministério diaconal?
Minha vida tem acalentado sonhos. Sonhos que não são miragens, que não se vão com o vento nem passam com as nuvens. Sonhos que se efetivam e se transformam em realidade. Sempre sonhei com uma igreja em que todos os segmentos fossem atuantes, realizando, com calor e ardor, o ideal do reino de Deus. Sempre sonhei com uma igreja com ouvidos abertos aos clamores do mundo. Ora, o diaconato é um ministério específico. Surgiu na igreja primitiva e perdura até os nossos dias. Segundo o ensino do Novo Testamento, o diaconato é um ministério tão importante quanto o ministério da Palavra. Os diáconos e as diaconisas foram estabelecidos por Deus para realizar, em nome da igreja e por ela, a beneficência ou caridade.
A IPI do Brasil tem valorizado o ministério diaconal?
Na IPI do Brasil, os diáconos e as diaconisas têm sido, durante muito tempo, elementos da paisagem. Existem de direito, mas não passam de figuras decorativas. Estão presentes, mas não para as finalidades para as quais foram ordenados. O diaconato tem sido visto como o primeiro passo para se chegar ao presbiterato, o que não está de acordo com o ensino bíblico. Não existe hierarquia no presbiterianismo. Precisamos sonhar com a valorização do ministério diaconal para que sejamos uma igreja missionária e evangelizador, que sofra as dores do mundo, e procure minorá-las, em sua caminhada confiantes rumo ao reino de Deus.
Na sua opinião, quais são as funções da igreja?
Modernamente, as funções da igreja têm sido geralmente apresentadas como: didaskalia, koinonia e diakonia. A didaskalia é a grande função de promover o ensino, a apresentação e a defesa da doutrina e o crescimento em Cristo. A palavra koinonia aparece no grego do Novo Testamento com o sentido de comunhão. Quando Lucas escreveu que “uma era a alma dos que criam”, ele quis dizer que a igreja toda era muito unida, tinha uma só alma e um só sentimento. Havia unidade. Por fim, a diakonia quer dizer serviço, servir às mesas, caridade e beneficência. É o que deve ser feito em favor do pobre e do necessitado. A igreja tem responsabilidade para com os pobres e dentro e de fora dela. Pregar a existência de um céu para quem tem o estômago faminto não funciona.
Como você vê a atuação diaconal do presbiterianismo brasileiro?
Costumamos afirmar que o presbiterianismo se estabeleceu no Brasil também através da diaconia. Criaram-se colégios, orfanatos, ambulatórios, abrigos para idosos, etc. Depois, entretanto, tudo foi parando. E o que nos espanta é que a beneficência não foi praticada por quem de direito bíblico, isto é, pelos diáconos. Foram os missionários, os pastores e até os presbíteros que se dedicaram à diaconia. Felizmente, a partir da década de 1970, começou a soprar um novo espírito, conscientizando a igreja em geral segundo o ensino do Novo Testamento. Hoje, já estamos vendo os diáconos e as diaconisas realizando projetos: escolas, creches, assistência médica e dentária, assistência às crianças de rua, etc.
Qual é o ensino do Novo Testamento a respeito do ministério diaconal?
O texto de Atos 6, que trata da instituição do ministério diaconal na igreja, diz que os apóstolos pediram que a igreja escolhesse para o ministério das mesas Pessoas cheias do Espírito Santo, de sabedoria e de boa reputação. O que é ser cheio do Espírito Santo? Será que é soltar gritos, pronunciar “amém” e “aleluia” extemporaneamente, dar pulos quando ouve falar no Espírito Santo? Cremos que não. Para nós, ser cheio do Espírito Santo é ser cheio de entusiasmo. Os diáconos e as diaconisas cheios do Espírito Santo só transmitem vida, calor e alegria.
Qual é a relação do ministério diaconal com o Reino de Deus?
Precisamos mostrar ao mundo que oramos e trabalhamos para que o Reino de Deus se estabeleça com justiça e equidade nas estruturas sociais apodrecidas do nosso país. Devemos mostrar atrevidamente que sentimos sede de Deus, sede do Espírito Santo, e muita fome e sede da pessoa amada de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Uma igreja, onde se constatam profundas diferenças econômicas e sociais, onde uns têm fartura e outros não possuem o mínimo necessário para sobreviver, onde aqueles que dispõem de sobras não partilham com os que estão passando necessidade, onde se fala muito em amor e não se pratica o amor, vive em terrível pecado. É uma igreja que se afastou da graça do servir e da graça generosa do compartilhar. Há necessidade urgente de tomada de atitudes libertadoras, de gestos concretos, para pôr fim às desigualdades existente.
Na IPI do Brasil, quais são os objetivos do diaconato?
Podemos dizer que o diaconato existe em função dos seguintes objetivos: a) Beneficência, conforme estabelece o texto de Atos 6.1-7; b) Ação Social, que é mais abrangente do que a beneficência. Resolver um problema imediato de um pobre, dando-lhe uma esmola é beneficência, mas não o ajuda muito. Oferecer-lhe saúde, educação e formação, para que se torne uma pessoa é ação social; c) Promoção humana. O erro da igreja é que ela tem se limitado a dar esmolas. A esmola é humilhante para quem a recebe, mas também para quem a dá. A esmola é o reconhecimento tanto da desorganização social como da fraqueza de não termos instituições que estanquem a fonte gerador do descalabro social.
