Autor de “Igreja Simples” ensina como revitalizar uma igreja local

Thom S. Rainer, autor de “Igreja Simples” (Editora Palavra), participou na tarde desta quarta-feira, dia 08/10/2025, de uma webinar com mais de 60 líderes, pastores e pastoras da IPI do Brasil. O evento, promovido pela Secretaria de Revitalização de Igrejas (SRI) da IPIB, contou com gente de todo o Brasil e, inclusive, com a participação do Rev. Sérgio Gini, presidente da AG-IPIB. Thom é escritor, pesquisador, palestrante e atual presidente e CEO da LifeWay Christian Resources, entidade da Convenção Batista do Sul em Nashville, Tennessee (EUA).

A igreja é o Plano A (e não há Plano B)

Thom começou sua palestra enfatizando que a igreja é o Plano A de Deus para o mundo. “Deus nos deu a igreja local. De Atos 2 até Apocalipse, a Bíblia fala sobre a igreja local, para a igreja local, para o líder ou no contexto de uma igreja local. A igreja local é o plano A de Deus. Ela está ligada ao nosso ministério até a volta de Cristo. Ele não nos permitiu ter um Plano B. Então é essencial amarmos a igreja local”, disse.

O que é uma “igreja revitalizada”?

Para Rainer, uma igreja revitalizada é “uma igreja que tem nova saúde, normalmente evidente, através da obediência do povo de Deus”. Sua definição não foca no crescimento numérico, por exemplo, mas sim numa igreja que se move em obediência a Deus. “Ela está fazendo a vontade de Deus com mais obediência do que no passado? Eu entendo que essa definição pode ser vaga, mas, acredite, Deus vai torná-la evidente quando a revitalização estiver, de fato, acontecendo”, finaliza.

Dez lições

A palestra de Thom foi fundamentada em “dez lições mais importantes que aprendemos sobre revitalização de igrejas nos últimos cinco anos”. Essas lições – que ele também chama de diretrizes – trazem, na verdade, princípios para começarmos um trabalho de revitalização de uma igreja local que abordam a espiritualidade pessoal, a responsabilidade pastoral e estratégias essenciais para que a revitalização se consolide.

“Algumas questões aqui vão parecer tão óbvias. Talvez você se pergunte por que ele está falando sobre isso. Isso é porque muitas vezes nós precisamos nos lembrar tanto de informações novas quanto daquelas já conhecidas. Esses princípios emergiram desde a época da pandemia do Covid-19, mas muitos deles já estavam ali mesmo antes da pandemia”, explica Thom.

Lição 1: A oração deve conduzir o caminho

Rainer enfatizou que a revitalização sem oração é apenas mais um programa da igreja local. “Eu nunca encontrei um caso de revitalização sustentável sem oração”.

Lição 2: A saúde do líder define a saúde da igreja

Rainer explicou que muitas igrejas em declínio têm líderes exaustos e que uma igreja não será revitalizada se o pastor não for revitalizado primeiro. Ele enfatizou a importância da vida de oração do pastor, seu tempo com a Palavra de Deus e seus relacionamentos com Cristo e com outros crentes.

Lição 3: O evangelismo deve voltar à linha de frente

Rainer destacou que muitas igrejas não se transformam em missão porque não praticam a evangelização. Ele citou Mateus 9, onde Jesus diz que o campo está pronto para a colheita, e enfatizou que a verdadeira revitalização ocorre quando há conversões acontecendo.

Lição 4: Os primeiros 12-18 meses são decisivos para a revitalização

Rainer alertou que quando uma igreja começa a responder à Grande Comissão, Satanás tentará impedir esse progresso. Ele aconselhou a celebrar as bênçãos de Deus o mais cedo possível nesse processo para construir confiança e credibilidade.

Lição 5: Pequenos Grupos aceleram o discipulado e a comunhão

Rainer mencionou que uma pessoa em um grupo pequeno tem cinco vezes mais probabilidade de se tornar um discípulo de Cristo do que alguém que não participa desses grupos. “Os pequenos grupos ajudam as pessoas a permanecerem unidas durante as mudanças e são fundamentais para multiplicar liderança na igreja”.

Lição 6: Visão clara e comunicação são mais importantes do que nunca

Rainer mencionou seu livro “Igreja Simples”, cuja tese principal é que as igrejas precisam manter o discipulado como foco principal, com um processo claro e prático. Ele enfatizou a necessidade de repetir a visão frequentemente e de diferentes maneiras.

Lição 7: Envolver a próxima geração é essencial

Rainer observou que, em busca de autenticidade e propósito, atualmente, mais jovens estão voltando à igreja do que pessoas mais velhas. “Embora a comunicação digital seja importante, a presença pessoal é ainda mais valorizada, especialmente entre as gerações mais jovens”.

Lição 8: O coração da adoração importa mais do que o estilo

Para Rainer, o estilo é uma ferramenta, não o objetivo. “O estilo musical divide, enquanto um coração adorador une”, disse ele.

Lição 9: A cultura de acolhimento fala antes de você

Rainer explicou que um visitante decide se continuará frequentando uma igreja em poucos minutos, baseando-se principalmente em se sente que os membros se importam com ele. “A hospitalidade é um ministério de todos os crentes, mesmo que isso signifique sair da zona de conforto”.

Lição 10: A revitalização tem mais a ver com uma nova cultura do que com um novo projeto

Rainer explicou que mudar uma cultura não acontece através de uma campanha única. “A cultura sempre começa com a oração. A cultura começa com líderes saudáveis. A cultura começa com pessoas – os pastores, primeiramente – obedecendo a Grande Comissão. A cultura significa que isso não é sobre mim. A cultura tem a ver não comigo. A cultura saudável tem a ver com os outros, eu me preocupo com os outros. Mesmo que eu não esteja tão confortável, eu não esteja numa zona de conforto”.

Perguntas e respostas

A parte final da webinar foi dedicada a perguntas dos participantes, onde Thom teve a oportunidade de explicar um pouco mais suas ideias. Um dos questionamentos diz respeito a como revitalizar uma igreja que “está presa no passado”.

“Para que a igreja possa olhar para além de si mesma, ela tem que tomar decisões que muitas vezes são desconfortáveis.  Nós frequentemente pensamos que a Igreja de Jerusalém de Atos 2 é o nosso modelo (e, de fato, ela é em várias maneiras), mas o mandato de Atos 1.8 é para “sermos testemunhas em Jerusalém, Judéia, Galiléia, Samaria e até os confins da Terra”. Perceba que aquela igreja não saiu de Jerusalém já até Atos 7. Então, o que que Deus fez? Em Atos 8.1, ele enviou perseguição. Se nós não estivermos dispostos a estar desconfortáveis, Deus encontrará maneiras para nos tornar desconfortáveis.  Eu prefiro ser obediente do que ter Deus tendo que forçar a obediência na minha vida”, afirma Rainer.

A condução da webinar foi feita pelo Rev. Thiago Nogueira, secretário da SRI. A tradução ficou a cargo do Rev. Paulo Câmara Júnior, assessor de relações internacionais da IPIB.

Na íntegra

Youtube

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