Talvez você já tenha assistido ao filme “Expresso da Meia-Noite”, que conta a história real de um americano preso em Istambul. Por contrabando de drogas, ele foi condenado a uma longa pena e enfrentou condições desumanas na prisão até – de maneira cinematográfica – conseguir fugir da Turquia.
Pois é, qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. Ano após ano, vários brasileiros são presos tentando fazer o mesmo; a maioria são pessoas até então sem envolvimento algum com o crime, mas que, por estarem em dificuldades financeiras e com a promessa de receber muito dinheiro, aceitaram o risco de levar drogas para o país. Essa esperança, no entanto, se despedaça ao chegar ao aeroporto de Istambul, onde o policiamento é intenso e muitas prisões são feitas. Hoje, a Turquia abriga cerca de 50 presos brasileiros. As penas variam entre 25 e 30 anos, sem possibilidade de redução. Como a maioria vem de famílias pobres, não recebem visitas, e isso torna o isolamento ainda maior. Infelizmente, algumas brasileiras, incapazes de suportar a solidão, tiraram a própria vida.
Ao ouvir esse relato, o casal Roberto e Fernanda*, da IPI de Alfenas, MG, orou e aguardou por muito tempo que uma porta se abrisse. O consulado brasileiro dizia que era impossível, mas o desejo permanecia grande, embora com uma tristeza enorme, pois sentiam-se paralisados diante da situação. Em agosto de 2025, tudo mudou. Receberam a notícia de que poderiam comparecer a um determinado fórum e fazer um pedido de visita. Eles seriam autorizados a entrar para visitar essas brasileiras e levar algumas Bíblias. O formulário que receberam era apenas para parentes, mas, pela fé, preencheram e, por um milagre, a autorização foi emitida. Hoje, para a glória de Deus, eles podem, às quintas-feiras, visitar uma presa e estão em processo de serem liberados para outra cadeia. Vemos o agir poderoso de Deus nesse caso. Ao entrarem pela primeira vez numa prisão da Turquia, após sete anos de espera, encontraram uma brasileira que também não recebia visitas há exatos sete anos. Foi um momento de muita emoção, choro e esperança, como relatou a missionária Fernanda.
Agora que concluíram a primeira etapa, descobrindo o caminho e os meios para entrar nas cadeias, querem, através dessas presas brasileiras, alcançar outras nacionalidades. Neste mês de setembro, época em que este relato foi escrito, eles estão celebrando uma pequena vitória: graças a Deus, conseguiram enviar uma Bíblia para dentro da cadeia, e uma segunda Bíblia está em processo de verificação pelo governo, para confirmar que não contém nenhum material contra o Estado. Assim que essa etapa for concluída, mais uma cadeia terá acesso à Palavra de Deus.
O maior desafio agora do casal de missionários é entrar também nas cadeias masculinas, que ficam distantes de Istambul. Eles também querem enviar Bíblias em vários idiomas para outras prisões. Em relação aos brasileiros, há necessidade de Bíblias em português.
Segundo Fernanda, um relato que marcou profundamente sua vida aconteceu durante uma visita: uma das presas, que não recebia visitas há sete anos, disse algo que ficará para sempre em sua memória: “Eu esperei a sua visita como se eu tivesse esperado Jesus”.
* Por questão de segurança, os nomes mencionados são fictícios.







