O SERVIÇO LEVA ÀS BOAS OBRAS E AS BOAS OBRAS NÃO SÃO A CAUSA DE MINHA SALVAÇÃO, MAS SUA CONSEQUÊNCIA
O Serviço é uma das mais nobres, honrosas e – por que não? – privilegiadas ações do cristão. É bênção do Senhor, é Graça. Bebendo nas fontes de “As Institutas”, de João Calvino, assim eu interpreto tal conceito:
Serviço não é somente o que se baseia na obediência à Palavra de Deus, mas a ação pela qual o intelecto do cristão, despojado da sensação de sua própria carne, dispõe-se plenamente às ordens do Espírito Santo.
Serviço x trabalho
Serviço e trabalho não são sinônimos, embora em algumas situações possam ocorrer simultaneamente. Entendo que o primeiro é sempre um ato voluntário, enquanto o segundo enseja recompensa. Ao mesmo tempo, o serviço não é algo meramente opcional. Ele é o mandamento que recebemos na primeira parte do segundo versículo do Salmo 100.2: “Servi ao Senhor com alegria…”.
Quando eu sirvo, sirvo! Se alguém me agradecer ou me honrar publicamente, acolho este gesto como ato de reconhecimento público, mas não como uma recompensa. Por isso, ao sermos prestigiados ou distinguidos por um serviço que prestamos humildemente, devemos apenas agradecer a Deus por nos ter oportunizado o serviço.
Com carinho, à Igreja que serve
Quando um cristão serve, a Igreja serve, pois nós somos a Igreja. Quando posso externar publicamente meu sentimento de carinho e amor para com minha amada Igreja – a IPI do Brasil – aproveito para testemunhar minha imensa satisfação de poder dizer, mesmo com minhas humanas limitações: “sou um Servo do Senhor”. Sirvo à Igreja que serve, à Igreja do Senhor Jesus!
Uma mensagem que eu creio ser de bom alvitre a todos os que pensam em servir à Igreja é a do despertamento de vocações; despertamento que pode ser entendido como um dom de Deus, concedido a cada cristão, pela Sua Graça, benevolência e amor. Não é possível aceitar a ideia de que não se tem o que fazer na Igreja, de que eu, particularmente, não tenho condição alguma de servir, pois não sou capacitado para o serviço. Certamente, alguém que pensa desta forma está a se declarar um incapaz, alguém que não saberia explicar, inclusive, como pode autodeclarar-se um cidadão e, tão pouco, um cristão.
A beleza do serviço na Igreja está na forma com a qual eu sirvo. É o meu “eu” quem está a servir; é com o meu DNA que dedico meu esforço à causa do Senhor – não obstante minhas eventuais limitações e naturais imperfeições.
A partir do momento no qual me dispus a servir, não quererei mais saber quem é mais importante ou menos importante na obra de Deus. Sirvo, porque sirvo! Disponho-me ao chamado do Senhor, consciente de que sou um instrumento dEle à disposição em sua obra. Sigo as orientações das autoridades instituídas por Deus e constituídas na Igreja, pois sei que elas também são instrumentos em Suas Mãos, orientadas para cuidar e conduzir o Santo Rebanho. Sob este aspecto, somos todos servos de Cristo.
Serviço: sinal de minha salvação
Assim, crendo na própria expressão do Senhor Jesus, descrita no Evangelho segundo João 12.26 (“Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará”), posso ver minha ação de servo convicto como mais um sinal de minha salvação.
“Servindo à Igreja que serve” não é, portanto, uma redundância, mas uma realidade consonante com a identidade cristã. É uma das marcas de quem é salvo pelo Senhor Jesus. O serviço leva às boas obras e as boas obras não são a causa de minha salvação, mas sua consequência: não sirvo para ser salvo; sou salvo, por isso, sirvo.
“A fé sem boas obras é morta”, disse o Apóstolo Tiago no versículo 26 do segundo capítulo de sua Carta Universal, mas o Apóstolo Paulo, em sua carta à Igreja de Éfeso, explica tal afirmação, lembrando que sem as boas obras – ou sem o serviço – não existe fé:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8-10).
“Servindo à Igreja que Serve” é mais uma das muitas dádivas que o Senhor me concedeu e que, certamente, deu a todo àquele que nEle crê.
Sirvamos à Igreja, à nossa querida Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, na Paz e em Unidade, por amor daquele que nos amou primeiro, Jesus!