Do futuro ao presente: a criança em nossa rotina comunitária

Perguntas simples que deveriam servir de reflexão para o acolhimento de todos, às vezes não entram em discussão em nossas igrejas...

Como as crianças chegam em sua igreja? Quem é a primeira pessoa que ela encontra? Como ela é recebida? 

Perguntas simples que deveriam servir de reflexão para o acolhimento de todos, às vezes não entram em discussão em nossas igrejas por ser algo que já faz parte da rotina. Afinal, possivelmente as pessoas que estão ali na porta já fazem isto há tanto tempo, já conhecem quem participa da comunidade, e não vão deixar passar as crianças.

Mas é preciso levantar a questão porque pode ser que a forma com quem estamos fazendo já não é mais forma ideal. 

Vou dar um exemplo simples: quando criança as “tias” nos traziam balinhas de presente; era um carinho, mas, hoje, esta abordagem pode ser invasiva para as famílias, pois existe um cuidado com relação ao controle de açúcar. Às vezes, um ato que tem a intenção de demostrar carinho pode ser recebido de outra forma pelas pessoas. Por isso precisamos compreender as mudanças na cultura das infâncias e nos adaptar para melhor receber nossas crianças. 

Conhecer esta cultura é compreender que temos infâncias no plural. As crianças possuem necessidades diferentes, abordagens diferentes, tempos diferentes. Nossas igrejas precisam reconhecer estas necessidades e acolher sem pasteurizar este período como um momento apenas de aprendizagem. A infância é um período de experiência em que temos a maior abertura ao evangelho, e a experiência contempla abordagens diferentes para apresentar a verdade do Senhor.

Tradicionalmente, a igreja tem visto as crianças como seres em fase de aprendizado. Esse pensamento de formação é refletido em práticas comuns, em que as crianças são separadas dos adultos na liturgia, são separadas entre elas e muitas vezes não interagem como sendo parte integrante do corpo de Cristo. 

O apóstolo Paulo nos lembra que “o corpo não é feito de um só membro, mas de muitos” (1 Coríntios 12.14). Embora esta prática de aplicação de um currículo por etapas para as crianças seja um caminho para contemplar os conteúdos bíblicos, é preciso prestar atenção na forma como estamos fazendo isso, e se não as estamos excluindo de todo o resto.

As crianças são parte essencial do corpo de Cristo e seu apagamento enfraquece nossas igrejas.

Um exemplo disso está refletido em nosso censo. Estamos diminuindo em número, e muitas das nossas igrejas, não têm crianças, nem mesmo pessoas para caminhar com nossas crianças. Precisamos mudar este cenário.

A cultura da igreja deve ser transformada para que as crianças deixem de ser “espectadoras” e passem a ser agentes participativas. Práticas como ouvir suas opiniões, envolvê-las na adoração e permitir que sirvam são formas de incluir as crianças no corpo de Cristo. 

Reconhecer que as crianças também podem nos ensinar sobre Jesus é um passo essencial. Promover momentos de ensino intergeracional, em que adultos e crianças compartilhem experiências e aprendam juntos, não apenas amplia a compreensão mútua, mas também fortalece os laços comunitários. 

Quando a igreja adota tais práticas, ela não apenas transforma a percepção cultural sobre as crianças, mas também cria um ambiente em que o acolhimento e o pertencimento se tornam uma realidade vivida no cotidiano. 

 

Não é mais apenas sobre dizer um oi na porta de igreja ou de ter os espaços preparados para ela. É sobre reconhecer a criança como sujeito e ouvi-la como membro da comunidade de fé. 

O desafio de incluir plenamente as crianças na vida espiritual da igreja não é meramente prático, mas um chamado bíblico. Transformar a cultura das infâncias na igreja significa abrir espaço para que crianças sejam vistas, ouvidas e discipuladas de maneira significativa, permitindo que também discipulem a comunidade através de sua fé. 

Jesus nos desafiou: “Quem receber uma criança tal como esta, em meu nome, a mim me recebe” (Mateus 18.5). 

Ele complementou dizendo que, se assim não fizermos, melhor seria ser afogado nas profundezas do mar.

Incluir as crianças no dia a dia da igreja é um compromisso que vai além de estruturas físicas ou boas intenções. É um ato de fé que reflete o coração de Jesus. 

Reconhecer seu papel ativo na comunidade nos convida a enxergar, acolher e aprender com elas, transformando nossa igreja em um espaço onde cada geração cresce em conjunto.

Quer aprofundar estas temáticas e caminhar com a gente para conhecer um pouco mais sobre a cultura da infância, sobre as possibilidades de atuação com as crianças e fortalecer seu ministério infantil? 

Estamos com as inscrições abertas para o curso da Coordenadoria Nacional de Crianças: “Crescendo em fé: Conhecendo, amando e conduzindo crianças no caminho”. Inscreva-se pelo site: academiavidaecaminho.com.br

Tenhamos ouvidos atentos, mãos acolhedoras e corações dispostos a caminhar com as crianças, na certeza de que, ao recebê-las, também recebemos Cristo entre nós.

Foto de Rev. Tabta Rosa de Oliveira

Rev. Tabta Rosa de Oliveira

pastora da IPI Morumbi, Sorocaba, SP, e coordenadora Nacional de Crianças da IPI do Brasil

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