O termo diakonia, encontrado em várias passagens do Novo Testamento, é traduzido por ministério e se refere ao serviço que as pessoas prestam a Deus e ao próximo.
Para os primeiros cristãos, não representava uma posição de destaque com uma série de direitos e competências especiais, mas maneiras diferentes de colocar em prática os dons dados aos discípulos e discípulas de Jesus.
Com a expansão do cristianismo, o exercício dos ministérios foi se diversificando para a organização das igrejas e o crescimento do Reino de Deus.
O apóstolo Paulo relaciona os ministérios aos carismas como manifestação do Espírito (1Co 12; 14) e serviços realizados pelos que se inseriam na igreja de Cristo (Rm 12. 4-8; 16.3, 6, 7, 12; Cl 4.15).
Encontramos alguns ministérios específicos mencionados no Novo Testamento: apóstolos, profetas, mestres, evangelistas, presbíteros, diáconos.
Enquanto a igreja se organizava, o ministério apostólico ficou reservado às testemunhas primárias que conviveram com Jesus e, gradativamente, alguns aspectos do modelo organizacional do judaísmo foram assimilados pela igreja como, por exemplo, a função exercida pelo presbítero (ancião) como dirigente de determinado grupo.
No final do século I, três cargos se configuravam com maior destaque: bispo, presbíteros e diáconos, pessoas responsáveis pelo culto, ensino, doutrina, disciplina, bens e atendimento aos necessitados, dentre outros.
Percebe-se, historicamente, que, na igreja dos primeiros séculos, os ministérios passaram a se desenvolver de forma hierárquica e as atribuições se restringiram a um determinado grupo, distinguindo as tarefas das pessoas ordenadas daquelas não ordenadas, isto é, das que formariam o clero e das demais pertencentes à igreja local.
Mulheres e ministério ordenado
Na proposta de Jesus, homens e mulheres foram chamados para servir a Deus e ao próximo, anunciando a Boa Nova de esperança, de paz, de justiça, de libertação e de salvação.
A Bíblia apresenta uma variedade de ministérios, pode-se dizer, maneiras diversas de servir a Deus e ao próximo.
Não há distinção para o exercício dos dons concedidos pelo Espírito Santo. Por isso, encontramos na narrativa bíblica grande número de mulheres mencionadas, mesmo pertencentes a um contexto em que a presença feminina estava marcada por tarefas educativas e laboriosas no ambiente doméstico.
Qual o ministério realizado por Maria Madalena, discípula de Jesus, que testemunhou a ressurreição do filho de Deus e maravilhada foi anunciar a Boa Nova aos discípulos cabisbaixos, tristes e desorientados após a morte do Mestre na cruz?
E o que dizer da mulher de Samaria que, ao se encontrar com Jesus, se apressou em anunciar e chamar os seus conterrâneos para ouvirem a mensagem anunciada pelo Messias?
E como reconhecer o ministério de mulheres como Suzana, Joana e outras que sustentavam Jesus e seus discípulos e discípulas nas longas jornadas para anunciarem o Reino de Deus?
A liderança de mulheres, no início do cristianismo, não causou estranhamentos, pois elas estavam presentes no anúncio, no cuidado, no aprendizado, na intercessão, na disponibilidade de ceder a casa para plantação e organização de uma nova igreja. Atuavam como profetisas, diaconisas, missionárias, educadoras, testemunhas de Jesus que as qualificou para os mais variados ministérios.
O apóstolo Paulo contou com aproximadamente 160 colaboradores no desenvolvimento do seu ministério missionário. Dentre as pessoas mencionadas, no livro dos Atos dos Apóstolos e na epístolas paulinas, cerca de 52 eram mulheres.
A hierarquização dos ministérios, na história da igreja, provocou pelos menos duas consequências: de um lado, o clero, para os que eram ordenados, capacitando-o para as decisões eclesiásticas, exclusivamente masculino excluindo totalmente as mulheres; e, por outro, o grupo que exercia o ministério ordenado responsável pela assistência aos necessitados e todos os demais serviços não ordenados, composto por homens e mulheres.
Na estrutura institucional da igreja, a primazia da liderança só poderia ser masculina, reproduzindo o papel do ancião, encontrado no judaísmo bem como das lideranças políticas e sociais instituídas nas culturas gregas e romanas.
O exercício dos dons nos mais diversos ministérios, ordenados ou não, realizado por homens e mulheres, deveria ser compreendido na perspectiva das vocações a serviço de Deus, da igreja e da sociedade, pois a organização eclesiástica, ainda que necessária, não exclui a livre atuação do Espírito Santo a quem pertence a distribuição de dons a todas as pessoas que seguem Jesus, no cumprimento da missão divina.
Rev. Shirley Maria dos Santos Proença, pastora da 3ª IPI de Guarulhos, SP, e professora da FATIPI







